sexta-feira, 9 de abril de 2010

Aquele breve adeus

Com um suspiro bem fundo iniciou a tragetória do fim. O sorriso relembrava a alegria e os frutos bons daqueles que não mais poderia chamar de simples colegas, mas amigos. A nova rotina a deixaria imune às lembranças dos momentos vividos nos quase dois anos que passara na sala grande, de janela larga e sacada que permitia a entrada do sol nos dias quentes.

Jamais poderia esquecer daqueles que convivera e partilhara a vida nos momentos tristes e mais alegres. Ali tinha feito festa, inventado dança, nome e sobrenome. Por trás do micro podia ver os sorrisos deixados em cada canto, junto aos momentos passados, que já não podem voltar.

Recordava-se daquele que lhe ensinara a primeira lição de assessoria ao redigir um  release. Exemplo de profissional, ele lhe trazia tranquilidade e lhe ensinara a ter humildade e caráter.Tinha a certeza que deixara marcas eternas em cada coração. Jamais poderia se afastar dali sem ter à mente o amigo das conversas longas, a garota de sonhos rebeldes, o determinado chefe de redação, o quase chefe, o modelo informatizado, a jovem administradora, a jornalista de grandes olhos verdes e a menina em que se via.

Todos faziam parte da sua realidade jornalística na redação improvisada. Por ali já havia visto muitos rostos, que de passagem foram embora e nunca mais surgiram. Ali teve excessos de raiva, alegria e muito aprendizado. Entrara uma menina e sairia com a experiência necessária para novamente fazer a diferença onde fosse.

Teria que dizer adeus, mas era difícil. No relógio, meio dia. Era quase hora de passar pela porta, descer as escadas, caminhar até a saída dos fundos, contornar o prédio e viver pela última vez a rotina dos meses que ali vivera. No fundo estava feliz, pois iria exercer seu dom em outros ares. A tristeza tinha nome. Este, amigos.

Por eles não queria olhar para trás. Gostava de reviver o caminho apenas pela mente e não ter lembranças do fim. Desejara apenas um breve adeus ou até mesmo um 'Até logo' necessário ao seu coração. Teria que ir e iria com a certeza de que deixou e levaria apenas o bem, nada mais.

*Homenagem aos amigos da Secretaria de Comunicação - Prefeitura de Lorena.
Aos Thiagos: Zogbi, Datena e Vilela. Ao Daniel e Baracho. E às meninas: Ariane, Sara, Nathália e Fabíola. A todos o meu muito obrigada, e desde já, sinto saudades.

**Na foto: Zogbi, Ariane, Datena e Eu.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Jornalistas, Parabéns!

Como parte de homenagem àqueles que destinam as horas do dia e da noite em registrar a história e aos que ainda são leigos no assunto, seguem abaixo algumas definições da paixão que me compõe.
Parabéns aos jornalistas do Brasil e do mundo. Em especial à Camila Campos, por ser jornalista e aniversariante neste dia.

***

"Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte."
Gabriel Garcia Marquez


“Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespctadores ou ouvintes. uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão de imagens. Entrar no universo do jornalismo significa ver essa batalha por dentro, desvendar o mito da objetividade, saber quais são as fontes, discutir a liberdade de imprensa no Brasil”.
Clóvis Rossi


"O jornalista pertence a uma espécie de casta de párias, que é sempre estimada pela `sociedade' em termos de seu representante eticamente mais baixo. Daí as estranhas noções sobre o jornalista e seu trabalho. Nem todos compreendem que a realização jornalística exige pelo menos tanto `gênio' quanto a realização erudita, especialmente devido à necessidade de produzir imediatamente, e de `encomenda', devido à necessidade de ser eficiente, na verdade, em condições de produção totalmente diferentes".
Max Weber, A política como vocação


"Cães de guarda da sociedade'', "princípio da responsabilidade social'', imprensa como o ``Quarto Poder''. Todas essas expressões estão ligadas ao ideário romântico do jornalismo. De acordo com essas concepções, o jornalista teria um status diferenciado das demais profissões. Ele estaria, por princípio, comprometido com a sociedade - que lhe delega o poder de fiscalizar as instituições em seu nome - e com os valores democráticos. Em seu livro `Elementos do Jornalismo', Bill Kovach e Tom Rosenstiel (2003: 22-23) elaboraram uma lista com nove itens fundamentais para o exercício da profissão e que ilustram bem esse espírito de missão:
A primeira obrigação do jornalismo é a verdade. 2. Sua primeira lealdade é com os cidadãos. 3. Sua essência é a disciplina da verificação. 4. Seus profissionais devem ser independentes dos acontecimentos e das pessoas sobre as que informam. 5. Deve servir como um vigilante independente do poder. 6. Deve outorgar um lugar de respeito às críticas públicas e ao compromisso. 7. Tem de se esforçar para transformar o importante em algo interessante e oportuno. 8. Deve acompanhar as notícias tanto de forma exaustiva como proporcionada. 9. Seus profissionais devem ter direito de exercer o que lhes diz a consciência".
Fábio Henrique Pereira


"Enquanto começávamos um curso superior, repletos de dúvidas, chega a prática jornalística exigindo, logo de cara, que soubéssemos "o quê?, quando?, onde?, como?, quando? e o por quê?" de tudo nesse mundo, sendo que ainda não tínhamos certeza nem sobre nós mesmos. Depois, aprendemos a ordem dos textos. A pirâmide tem que ser invertida, mas era preciso reverter o nosso rumo e amadurecer de vez! Como nos critérios de noticiabilidade, descobrimos o que é realmente importante, e que, se notícia velha não vende jornal, a vida também seleciona o tempo que as coisas devem durar. Como na melhor das entrevistas ping-pong, fomos preenchendo nossos espaços vazios com respostas que um novo "arcabouço teórico" nos dava. Decidimos criar e moldar nosso próprio perfil, para deixar, pouco a pouco, de ser aquilo que sonharam para nós e nos tornar o que nós queremos realmente ser. Nossa vida ganhou novas manchetes e, ao mesmo tempo, críticas severas. Mas, há outra forma de crescer? Finalmente entendemos a importância de ouvir os dois lados da história, de ser ético e objetivo e de buscar o mito da imparcialidade. Percebemos que um texto, assim como a vida, é feito de detalhes: uma virgula fora do lugar pode fazer toda a diferença, mas que tudo só termina quando for colocado o último ponto final".

Parte do  texto de