sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A melhor parte de mim

As histórias eram sempre as mesmas. A maneira com que eram contadas, mesmo que inúmeras, milhares, cada uma com seu brilho intenso no olhar. Da fração em que são inspiradas minha melhor maneira de ser, discorrem as lembranças boas, vivas, verdadeiras.

De todas as vezes, ela estava ali, do meu lado, como agora. A ideia de escrever para ela já está presente no meu coração há um bom tempo, mas as consequências dos instantes dos dias me impediram de colocar em palavras o sentimento que compõe, em mim a melhor parte.

Do amor, o mais verdadeiro. Do beijo, o mais sincero. Das brigas, as maiores lições. Do mal, o bem. São conclusões de uma vida inteira juntas. Lembranças de uma infância tranquila na Vila em Lorena. Das mãos seguras que seguravam as minhas, ainda pequenas, e me encaminhavam para a escola municipal no bairro vizinho. Valores que agreguei ao presenciar sua ríspidez e docilidade, a qual um dia acreditei não possuir,
ainda assim ela estava do meu lado.

Mesmo pelos traços que não nos classificam semelhantes vejo na essência os valores que se encontram. Por ti decidi ser melhor. Segui meus próprios passos. Fiz amigos. Conquistei. Encantei, desfiz. Apaixonei, desencantei. Cai e levantei. E ela? Dela não quis a mão, por muito tempo. Ignorância da fase adolescente encrenqueira, mesmo sem nunca ter me metido em nenhuma confusão. Fugia disso.

Hoje as mãos cresceram. Já não posso mais sentir a proteção em seus dedos que traçam marcas de vida. Mesmo assim consigo ver sua singularidade diante do mundo, pela certeza que tenho que ainda vai estar comigo quando eu não possuir mais nada, quando eu de seu colo necessitar tanto, como há tão pouco tempo. Por mim ela se desfez. Agiu como eu não esperava e me apoiou quando mais precisava.

Inspirada no amor de uma vida dedico à ela o amor que sinto por meio do dom que me ajudou a descobrir. Não só por amanhã (27), comemorar mais um ano de vida, mas por representar pra mim o único amor capaz de ser verdadeiro e eterno, embora acredite em amores comuns, o meu por ela é sem limites e incondicional. O único capaz de jamais correr o risco de desapaixonar.

Mãe, dona do amor mais puro que pulsa em mim. Felicidades e dedicações eternas. Feliz Aniversário!..

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A peça

Ele sempre me prega peças, mas a de hoje permaneço sem compreensão, apenas sinto o tocar suave das mãos que levemente se esbarraram e mentalizo a sensação dele pulsando intensamente dentro de mim após o beijo surpreso no rosto.

Inerte, permaneci enquanto o furação de emoções ao redor de mim o acalmava e eu poderia continuar a vida de instantes comuns. Sem movimento, sem reação. Diante do silêncio que priorizo preferia não calar e dividir os acontecimentos.

A interrupção dos sentimentos corretos surpreendia e era bom por certo momento. Fui alvo das chacotas dele mais uma vez, mas de uma maneira estranha e completamente surpresa.

Enfim era manhã, era sonho, e o mundo ainda à via pela frente. Nenhuma emoção poderia determinar o dia que ainda estava por começar e desejar a vida e os sorrisos que tanto faziam falta, quando via o sonho ficando para trás.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Poesia de Saron

Desde a primeira vez que ouvi sempre fui muito admiradora do novo CD da banda católica Rosa de Saron, e neste post, em especial, da canção 'Velhos Outonos'. Por se tratar de pura e real poesia, o texto ainda permanece com um caráter reflexivo e digno das músicas boas que admiro. Vale à pena ouvir e ler.

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Os dias passam, passam as horas
Tocando temas com um piano desafinado
Mais ou menos errado, mais ou menos parado
Sem sentido, um pouco ignorado

Gritos ecoam, selam memórias, marcam
Deus ainda chora, sempre rimos e o mundo esquece
O tempo da última prece
E ninguém aquece, ninguém acontece

Você sente na pele
Os dias estão frios, as noites estão quentes
Caminham num labirinto de vento
Vestindo pouco a pouco o esquecimento

Somos o que fazemos para mudar o que fomos
Mas se nada somos, virão apenas velhos outonos

Uma lágrima no chão reagiu minha lentidão
Tocou meu coração, fiz o que precisava

Ele chorava e eu perguntava
É comida? É uma casa?
Mal a noite caía, ele dizia

"Se quiser fazer algo por mim
Faça um verso sereno
E que ele me leve
Não somente ate o céu, mas perto das estrelas"

Somos o que fazemos para mudar o que fomos

Trecho de 'Velhos Outonos' por Guilherme de Sá