quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Se permitir

Naquele dia o telefone não tocou. Do silêncio que ecoava da alma podiam se ouvir as batidas do coração cansado, ansioso por esperar. A resposta veio por outro som.

A partir daí o sorriso guardado deu lugar às lágrimas, que por alguns instantes, tocaram o chão da Capela. A esperança se desfez por completo ao ser preenchida pela certeza que se temia. Por um segundo ouviu-se Não mais uma vez.

A sensação era amarga, cruel, destruidora dos sonhos almejados, dos planos já feitos e das vidas que poderiam ser salvas por meio daquela nova chance. As feridas estavam abertas mais uma vez.

As mãos já não mais se viam trêmulas, estavam imóveis e podiam enfim respirar. Na pele o ar impuro trazia a falta da esperança, que manteve o coração frio. No pensamento idéias de fracasso vieram à tona, como um martírio para a mente que as queria esquecer.

Pensava no que ficou, no que por algum tempo foi, e em instantes deixou de ser, e permitiu-se abandonar na tristeza consequente do momento. Esqueceu-se das Promessas, na confiança contida em um Deus capaz de tudo.

Em meio às nuvens escuras, Ele se fez presente na Paz vinda do Anjo que a proteje na Terra. Acalmando as dores, cicatrizando as feridas ele manteve-se ao lado no momento certo. A confiança trouxe a certeza de brisas de paz que ainda virão e se farão permanecer por doces momentos.

A certeza era dura, mas aceita sobre sua fé inquietante. Por dentro se permitia sonhar sem tirar os pés do chão. Agradecia às poucas pessoas com quem dividiu a certeza momentânea e decidiu esquecer. Pensava no que fosse bom para si, simplesmente por permitir a espera do momento certo, que ainda há de vir.

2 comentários:

wgsalomão disse...

Parabéns pelo texto, Fer!
Uma pitadinha de Clarice Lispector não faz mal a ninguém!!!
Bjos!

Unknown disse...

Com certeza essa postagem foi muito boa e interessante!
Parabéns!
Fique com Deus!
beijos